Poéticas digitais

Poéticas digitais

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Antevisão

Antevejo novo cenários através do quarto escuro:
Não são objetos sem nexos, nem homens nos seus afazeres.
Vejo a noite robusta, com fúria, com frieza, noite tenaz.
Vejo a minha caligrafia digital apontando o porvir.
Os cenários são de aço e concreto como as casas que repousam em silêncio.
Uns desejos dormem enquanto outros sonham acordados.
O sono que velo espera a dissonância do dia novo.
As portas das casas encerram os delírios e os amores corporeos.
Assisto ao silêncio das horas e espero ansiosamente a força enérgica de um sonho bom que me liberte para um novo grito.

Na farândola

Súcia.
Pagode.
Festa familar.
Andança.
Dança.
Ciranda.
Tudo com palavras se faz e é feito.
Palavras de má índole abraçam as palavras doces.
E se congratulam, com explosão.
Nada mais que sugestão de espaços a ser preenchidos, letra por letra.
Cantos de todos, eus.
Multiplicado de dias e noites, auroras e ocasos.
Mortes mínimas todos dias.
Revoadas.
Vidas reiventadas.
Mundos meus.
Palavras de mãos dadas construindo edifícios de sonhos.
Assim, farandolando elas me levam desde menino buliçoso.
Serelepíssimas palavras que estão no universo, santificados sejam vossos signficados, o sentimento de cada dia me dá agora.
Postadas palavras na mesa.
Malandras e melindrosas.
Sorridentes e desdentadas.
Com sede e fome, alimentadas e gulosas.
Salvadoras, profanas, redentoras, ambíguas: de mãos dadas.
Covardes, justas, omissas, mentirosas: de mãos dadas.
Ardentes, dolorosas, prazerosas, sussurradas: de mãos dadas.
Marotas, fagueiras, dadivosas, brandas: de mão dadas.
Palávrida de outras e outros.
Aqui nasce um arcaismo e jaz um neologismo.
O contrário também na farândola é possível.
Contrariadas palavras, reivindicam e argumentam.
De tudo e com tal zelo serei atento aos seus assombros.
Bocados de mim.